sábado, 6 de outubro de 2012

Estudantes italianos protestam contra cortes na educação


Dezenas de jovens italianos foram feridos nesta sexta-feira durante repressão policial a uma manifestação estudantil contra o programa de cortes na educação pública e a política de arrocho conduzida pelo governo.


Milhares de estudantes saíram às ruas de cerca de vinte cidades, entre elas Roma, Milão, Turim, Bolonha, Pisa e Palermo, para expressar sua oposição ao alto custo dos livros, à privatização das escolas públicas e à mercantilização do conhecimento.

Os manifestantes da capital italiana, a maioria deles do ensino secundário, abandonaram suas escolas para marchar em grupos até a área da Porta São Paulo, distante do centro, onde partiram até o Ministério da Educação.

Vários jovens denunciaram terem sido golpeados e arrastados pelo solo por agentes das forças de repressão, enquanto os meios de comunicação reportaram a existência de quatro feridos em Roma.

As organizações escolares acusaram a polícia de terem feito uso excessivo da força e afastado os manifestantes com o uso de gás lacrimogêneo.

De acordo com centros estudantis, na cidade de Turim, cerca de 20 jovens foram agredidos nos choques com as forças de repressão, enquanto em Milão, outros 10 resultaram feridos.

Durante as marchas, os jovens denunciaram que as políticas de arrocho do primeiro ministro, Mario Monti, e da União Europeia, reduzem o direito à educação e ao trabalho a milhões de jovens.

"A escola pública não se vende" ou "a cultura dá medo" são as mensagens de alguns cartazes no primeiro protesto depois das numerosas mobilizações de dois anos atrás, durante o governo do ex-primeiro ministro Silvio Berlusconi.

O decreto lei de revisão do gasto público aporvado pelo executivo tecnocrático de Monti em julho, prevê, entre outras coisas, o aumento das mensalidades universitárias de acordo com a renda familiares para os estudantes que não consigam a aprovação no ano em curso.

Em Milão, os grupos de estudantes marcharam até a seda da região da Lombardia sob o lema "contra o projeto de privatização da escola e a política de educação pública do governo".

Segundo os organizadores, cerca de 1,5 mil estudantes se manifestaram em Bolonha, enquanto em Pisa também aconteceram momentos de tensão, quando os jovens tentaram entrar na sede da administração do distrito.

Fonte: Prensa Latina


segunda-feira, 1 de outubro de 2012

Professores aprovam calendário de mobilização


Em assembleia convocada pelo Sindicato dos Professores no Distrito Federal (Sinpro-DF) para a tarde desta quinta-feira, os docentes da rede pública de ensino do DF discutiram sobre o andamento das negociações com o governo relativas ao plano de carreira da categoria e decidiu por novos encontros nas 14 regionais de ensino.


Na ocasião, a única proposta, apresentada pela mesa, para datas de novas assembleias regionais foi votada. Com ampla maioria de votos, um novo calendário de mobilizações foi aprovado. Os próximos encontros serão em 9, 10, 17, 18 e 23 de outubro, pela manhã e à tarde. Os horários e locais de encontro vão ser divulgados no site do Sinpro-DF. A reunião geral de professores ficou para 30 de outubro, às 14h30. 

Segundo a entidade, cerca de 600 professores estiveram presentes no momento da votação da proposta. Grande parte era de docentes aposentados, como a professora Márcia Fernandes, 64 anos. Ela acredita que a participação baixa dos professores mostra que a categoria está dispersa. "Falta organização dos próprios professores pela luta. Nós fomos os precursores de tudo isso que está acontecendo hoje, mas a luta continua", afirma.

Esperando resposta

Os professores esperam desde o dia 10 de setembro por uma posição oficial do governo. A reunião agendada para esse dia foi cancelada pelo GDF com o compromisso de reagendamento após a nomeação do novo secretário de Fazenda do Distrito Federal. A nomeação ocorreu, mas a nova reunião ainda não tem data marcada.

A diretora do Sinpro-DF Rosilene Corrêa afirma que novas paralisações são possibilidades reais e é preciso que o governo reconheça a importância da categoria. "É importante lembrar que os professores apenas suspenderam a paralisação, mas que ainda estamos em estado de greve. Quem tem o poder de evitar que isso aconteça é o governo", assinala a diretora.

Thomas de Toledo: Hobsbawm, um historiador de princípios


Hoje, 1º de outubro de 2012, faleceu o historiador britânico Eric Hobsbawm, que talvez tenha sido o maior estudioso da História Contemporânea.

Por Thomas de Toledo*


Em sua carreira, Hobsbawm jamais deixou de lado seus princípios. Compreendia que o discurso histórico e historiográfico de forma alguma é neutro, e por isto foi também um militante político, contribuindo como poucos com as lutas sociais de seu tempo. Hobsbawn era marxista, e mesmo em tempos de debacle jamais negou suas raízes. Ao contrário, aperfeiçoou-as, pois as fundamentava em um método que era o materialismo dialético. Este método consiste em compreender as transformações históricas como produtos das contradições concretas (por isto dialético) da realidade concreta (por isto materialista). Assim, suas análises conseguiam ser profundas e sutis, sempre se baseando na verdade histórica.

Hobsbawm esteve entre os grandes historiadores marxistas britânicos como Perry Anderson, E. P. Tompsom e Christopher Hill, que sabiamente enfrentaram no debate acadêmico as correntes historiográficas fragmentadoras como a Nova História. Porém, dentre todos os citados, Hobsbawm destacou-se por ter se colocado o desafio de escrever a macro-história de nosso tempo, demonstrando uma visão da totalidade, sem negar suas contradições e o seu ponto-de-vista de um britânico socialista. Era, dessa forma, um historiador de “eras”.

Dentre as obras de Hobsbawm, destacam-se as quatro “eras”: ‘A Era das Revoluções’ (1789-1848), ‘A Era do Capital’ (1848-1875), a ‘Era das Revoluções’ (1875-1914) e a ‘Era dos Extremos’ (1914-1991). Na primeira, compreendeu o processo que levou às mais radicais transformações que até então o mundo presenciara – sua dupla revolução: a industrial e a francesa. No segundo, entendeu o processo de consolidação do capitalismo como sistema econômico hegemônico no planeta. No terceiro, percebeu que a metamorfose do capitalismo concorrencial para o capitalismo monopolista levaria a uma nova fase deste sistema: o imperialismo. No quarto, compreendeu que a contradição entre tais impérios levou o mundo a uma guerra de duas etapas (1ª e 2ª Guerras), e que seu desfecho foi a disputa de dois projetos distintos de sociedade: capitalismo e socialismo. Conclui, porém, que a experiência histórica do socialismo serviu como precioso ensinamento para experiências futuras, e que a luta dos povos para superar a exploração do homem pelo homem estava apenas no começo.

Esta sede revolucionária fica patente em seu último livro: “Como mudar o mundo”, mas também em sua autobiografia “Tempos interessantes”. Dentre suas obras importantes, poderia também incluir “Nações e Nacionalismo desde 1780” e “A invenção das tradições”, no quais destrinchou o fenômeno da nação e do nacionalismo como produtos históricos. Finalmente em “Globalização, democracia e terrorismo”, Hobsbawm já começou a apontar para os desafios do século 21.

Registro, portanto, esta homenagem a alguém que foi sem dúvida um dos maiores historiadores não apenas de nosso tempo, mas de toda a história. A despeito de suas posições políticas claras, em todos os meios, acadêmicos ou não, Hobsbawm fora sempre respeitado. A ciência da História perde um grande investigador, mas seu legado de historiador e militante fica para todos aqueles que ainda acreditam que há “como mudar o mundo”.

*Historiador pela USP, mestre em Desenvolvimento Econômico pela Unicamp e secretário-geral do Cebrapaz.



Jaime Sautchuk: Hobsbawm vive



Morreu hoje de manhã, em Londres, o genial historiador marxista britânico Eric Hobsbawm, aos 95 anos. Ele parte, mas sua importante obra viverá para sempre, influenciando gerações e gerações desde meados do século passado.

Por Jaime Sautchuk*


Filho de judeus britânicos, sua família tinha negócios na Áustria e Alemanha, mas teve de fugir do nazismo, indo para a Inglaterra,onde Eric estudou, filiou-se ao Partido Comunista e lutou na Segunda Guerra no front britânico. 

Ele teve forte influência no Brasil. A começar pelo seu primeiro livro (tese de doutorado), o “Social Bandits” (Bandidos Sociais), que é focado no bandido Juliano, da Itália, mas que trata também do nosso Lampião. 

Um discípulo seu, o americano Billy Jayne Chandler, depois gastou oito anos em pesquisas para escrever “Lampião”, obra definitiva sobre o cangaço. 

Em “A Era das Revoluções”, Hobsbawn interpreta as mudanças no mundo da Revolução Francesa à Russa. Em “A era dos Extremos”, interpreta o que ocorreu da Revolução de 17 ao fim da União Soviética. Sempre numa visão marxista. 

*Jornalista, escritor, colunista do 
Vermelho


Morre aos 95 anos o historiador marxista Eric Hobsbawm


O historiador britânico Eric Hobsbawm morreu nesta segunda-feira (1º/10) aos 95 anos, informou sua família, relata o "Guardian".


Hobsbawm, um marxista ao longo da vida, cujo trabalho influenciou gerações de historiadores e políticos, morreu aos 95 anos nas primeiras horas da manhã desta segunda-feira (1º/10) no Royal Free Hospital, em Londres, após uma longa doença, disse sua filha Julia. 

Hobsbawm nasceu em uma família judaica em Alexandria, no Egito, em 1917, e cresceu em Viena e Berlim, mudou-se para Londres com sua família em 1933, ano em que Hitler subiu ao poder na Alemanha. 

Ele estudou em Marylebone e no Kings College, em Cambridge, e tornou-se professor na Universidade de Birkbeck, em 1947, onde fez carreira e se tornou seu presidente. Ele se tornou um membro da Academia Britânica em 1978.

Ele foi membro do Partido Comunista e um dos maiores intelectuais marxistas do século 20. Historiador, escreveu 'A Era das Revoluções', 'A Era do Capital', ‘A Era dos Impérios’, ‘A Era dos Extremos’ e organizou uma ‘História do Marxismo’. Escreveu também uma ‘História Social do Jazz’, entre outras obras.

Com informações do Guardian